segunda-feira, outubro 23, 2006

Os Produtos Estão Se Desmaterializando.



Uma coisa é certa. Vivemos, hoje, a eterna busca pelo prazer. Temos procurado superar a ganância materialista, adotando um estilo de vida mais light, baseado no consumo responsável. Sabemos que, se formos apegados demais à matéria, sofreremos.Também não queremos abrir mão da sensação que uma boa compra nos trás. Chegamos juntos à conclusão, então, de que a virtude está no meio (e é difícil acreditar como demoramos a perceber algo tão básico). Constatamos, assim, estarrecidos, que não há como sermos descolados, modernos, convivendo com um monte de quinquilharias, com produtos que provavelmente nunca iremos usar. E, então, o resultado é que estamos mais seletivos, temos estabelecido critérios para o consumo. Quem nunca se flagrou pensando: o que este produto é capaz de me oferecer, que eu já não tenha? E é aí, neste momento de questionamento, que o marketing, uma poderosa combinação de arte e estratégia, propõe a solução para o enigma: é possível oferecer experiências agradáveis e até mesmo inesquecíveis, aos consumidores. E isso vai muito além das características físicas ou funcionais dos produtos, que hoje são praticamente iguais, em todo o mercado.
Esse assunto pode parecer complicado, mas na verdade não é. Já reparou como hoje em dia uma boa parte das pessoas passa quase o dia inteiro com um fonezinho de mp3player no ouvido? Isso demonstra que ouvir música deixou de ser colocar o “disco na vitrola” e passou a significar a possibilidade de vivenciar experiências sensoriais. O disco ou CD, o produto palpável, sumiu. E os novos consumidores (excluindo-se aí a tribo dos saudosistas) não fazem a menor questão dele, porque não estão mais simplesmente ouvindo música, estão vivenciando um processo dinâmico de construção de suas vidas, podendo escolher, inclusive, a trilha sonora.
Pensando nisso, começa a fazer sentido o fato de a gigante Coca-Cola ter adotado, mundialmente, o slogan “Viva o lado Coca-Cola da vida”. O objetivo da empresa passa a não ser mais ressaltar que o refrigerante é refrescante, gostoso ou dá status. O que a empresa quer é inspirar os consumidores a terem “uma atitude positiva em relação à vida e a se abrirem para novos horizontes e possibilidades, tornando o seu mundo melhor e mais feliz”, de acordo com Marisol Angelini, vice-presidente de marketing da empresa no Brasil. Em síntese, a Coca-Cola, símbolo máximo do consumo de massa, ganhou um espírito capaz de transmitir a seguinte mensagem aos consumidores: preocupe-se menos e divirta-se mais. O que essa mudança estratégica representa, em resumo, é que, no contexto atual, é muito mais valioso mostrar para o consumidor que “o seu produto pode tornar a vida dele melhor” do que simplesmente afirmar para ele que “o seu produto é o melhor do mercado”.

Enviado por Fernanda Motta publicitária, mestre em marketing e coordenadora do Curso de Comunicação da Faculdade Promove.

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